sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O amor e o tempo

Outro dia eu estava escutando atenciosamente uma das músicas que a minha mãe adora...
Estávamos escutando com a alma a "Resposta ao tempo" de Nana Caymmi.
A minha mãe repetia apaixonadamente estrofe por estrofe, como que para provar a todos e a si mesma que o amor sempre vence o tempo.
Cantava com fervor "no fundo é uma eterna criança/ que não soube amadurecer/ eu posso e ele não vai poder/ me esquecer"
E enfatizava "Camilla, entenda, o tempo não faz esquecer um grande amor, mas quando amamos esquecemos o tempo"
Para que eu não pudesse esquecer, repetiu isso diversas vezes, até que eu me convencesse da importância do amor, da importância de entregar-se, da importância de viver nossos sentimentos, independentemente do tempo.
Confesso que se tem uma coisa que eu admiro na minha mãe, é a capacidade de ser apaixonada pela vida, passional até o último fio dos seus cabelos ela vive, sofre e tira da essência da vida o amor que irá movê-la.
Acredito piamente nessa assertiva proferida pela minha querida mãe, mas o fato é que me incomoda essa desarmonia entre o tempo e o amor.
Na realidade, tenho reparado que o tempo tem um impressionante poder sobre mim...
Eu vivo em função dele e tenho percebido que quando não estou bem, várias mensagens me surgem acerca do tempo, sobre seus milagres, seus artifícios e seus poderes de curar feridas não curáveis.
Ainda ontem escutei: "Por que você quer trazer de volta um tempo que está tão longe?"
Além de muito poético, achei essa frase de uma profundeza absurda, parecia que a personagem da televisão estava falando diretamente para mim...
É fato que por vezes remexo o passado, como que para sanar as minhas feridas que virão no futuro, raras são as vezes que consigo me entregar ao presente.
Mas de todas as mensagens que me chegaram uma das que mais me chamou atenção foi uma de Shakespeare que concilia o tempo e o amor, assim que li remeti meus pensamentos aos ensinamentos da minha mãe e agora percebi o que ela queria me dizer...

“O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.”
William Shakespeare

É isso! Obrigada Carmencita

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ossos da responsabilidade

Na realidade tudo em mim está de mal a pior
Até os meus pensamentos estão sendo sucumbidos por essa enfermidade, que não sei se é física ou mental... só sei que está assim
Dia desses me perguntaram: "Mas o que é que você quer?"
Confesso que essa foi uma das perguntas mais difíceis que precisei responder
Lembrei das vezes que eu ficava horas diante das imensas questões de química que meu professor insistia em me passar, escondido pelo álibi: "eu sei que você é inteligente,Camilla, vamos lá, responda"
Eu sempre respondia errado, mas respondia...
Foi isso que fiz, respondi...errado mas respondi:
- O que quero? Ora! Não sei, pode ser?

Não! Respondeu a sociedade com olhos de repressão
Eu não tenho o direito de errar? de estar confusa? de estar enferma...
Quanta responsabilidade!
Como diria meu pai e meu amigo:
" Me arraste para uma irresponsabilidade sábia (sadia)"
Está ai, sábia ou sadia, são irresponsabilidades que quero ser arrastada, disso eu tenho certeza, bom começo!


"Por entre os dedos da minha mão
passaram certezas e dúvidas"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

[...]

"pássaro novo
longe do ninho
sem forças pra voar"

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ensinamentos

Desde muito cedo aprendi a sentir as músicas com a alma, fruto de uma característica que não sei se herdada ou se imitada do meu querido pai.
Lembro-me bem das vezes em que eu não encontrava sono entre os infinitos carneirinhos que eu contava e refugiava-me na sua companhia. Na realidade, não sei se por pura dificuldade de dormir ou se por estratégia em encontrar um momento em que eu pudesse senti-lo só para mim.
Ele, conivente com a minha insônia, sentava-me à sua bancada e entre os golpes de pincel e as tragadas no cigarro, o silêncio entre nós era embalado pelas músicas que variavam entre Bach, Vivald e Choppin. Lembro ainda que de todos eu preferia Vivaldi "é mais alegre painho!", hoje prefiro Bach.
Vez por outra eu pegava um papel e me punha a escrever atrevidamente quaisquer rimas que eu declamava ao final com fervor e empenho, lembro ainda que ele sempre achava genial, mesmo que os versos não fizessem sentido algum.
Dessas lembranças, uma das mais saborosas foi recentemente aguçada quando li no livro "Estuário" uma crônica do seu grande amigo Samaroni Lima, sob o título “Tocando em frente", uma das músicas preferidas do meu pai.
Lembro-me que eu a escutava repetidamente aos domingos, por uma imposição dele que me alertava da beleza da letra daquela música.
Enfatizava: "é preciso amor pra poder pulsar" e sempre fazia uma intercessão: "isso é lindo!"
Confesso que na época eu não entendia bem a beleza desses versos, talvez por não senti-la de fato ou porque minha tenra idade não me permitisse escutá-la com a alma.
Hoje entendo... E é tão bom saber que a vida pulsa motivada pelo amor!
As células dos nossos corpos estão pulsando deliberadamente e se pulsam há vida e se há vida há também amor, nossos corações quando embalados pelo amor pulsam com maior firmeza e rapidez e os corpos dos amantes pulsam num momento sublime de amor... Isso é vida e amor!
E assim, com este aprendizado sigo minha vida com amor e agradeço ao meu sábio, que dentre tantos ensinamentos ensinou-me a perceber o pulso da vida!




"ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
só levo a certeza de que muito pouco eu sei, que nada sei
conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
é preciso amor pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso chuva para florir"

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ruídos de um silêncio

Acontece que aqui dentro existe um silêncio absurdo
É um silêncio ensurdecedor
É a sombra suave do ritmo cansado,
É o pavor dos acordes descompassados,
É o desespero das expectativas que não se concretizarão
São estes, os barulhos ruidosos do meu silêncio
E tudo fica como está... inércia!


"como feri e faz barulho
o bicho que se machucou viu"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As perdas nossas de cada dia

Ultimamente venho percebendo que aos pouquinhos vamos perdendo algo que se configura como concreto ou não...
É como se fosse uma condição natural da nossa sobrivivência
Nós temos que perder para ter outros ganhos
Abrir mão de coisas que nos fazem muito bem, para partir para novas perdas futuras, que no momento se configuram como ganhos
É difícil de entender?
Explico: quando ganhamos maturidade, perdemos a beleza inocente da infância
Quando envelhecemos e acumulamos a experiência como um ganho, perdemos a vitalidade da juventude
E assim sucessivamente.
Isso se dá cotidianamente também, acumulamos na nossa vida as nossas perdas e ganhos, umas pequenas e outras grandes
Tento pensar que é legal isso, mas hoje estou fraca demais para pensar assim...
Certa vez um grande amigo me falou:
- Quando estamos completamente preparados para um desafio, significa que ele não é mais desafio.É nessa hora que temos que partir para desafios maiores.
Obrigada Mak, mas nesse momento não consigo me consolar nessa acertiva... em breve relembrarei disso e tudo vai voltar ao normal, com desafios maiores!

"partir, andar e
eis que chega
essa velha hora tão sonhada"

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sabores e dissabores

A vida nos proporciona sabores indescritíveis...
E eu, que não sei se por pretensão ou ousadia, tento degustá-los.
Há sabores amargos tal qual sabor de tamarindo, sim tamarindo porque sei que realmente é muito amargo, pareceria mais poético "amargo como fel", mas o fato é que nunca senti o gosto de fel pra saber se realmente é amargo mesmo ou não, como eu ia dizendo... há momentos em nossas vidas que são tão amargos quanto um tamarindo que chega a travar as glândulas salivares e nos causa repulsa só de revolver a memória daquele sabor.
Tem também os sabores palativos, sejam doces ou salgados, são sensacionalmente saborosos, aguçam o nosso paladar e quando acabamos ficamos com o gosto na boca para lembrarmo-nos do prazer vivenciado ao degustar o mais gostoso dos sabores.
Estes nos remetem à nostalgia ao lembrar o quanto foi prazeroso senti-los em algum recorte da nossa vida, chegando a dar água na boca.
Os excessos também existem, tem momentos que de tão doces acabam por enjoar, esses são interessantes porque a gente degusta com muita vontade logo no início, mas depois vira um martírio concluir o intento.

O fato é que ando meio sem gosto, como comida sem sal, sorvete sem calda, bolo sem recheio... e a vida tem me parecido meio pálida, como arroz sem tempero, mas nada que transforme a vida num cardápio de hospital, até porque nem é de todo mal ficar de jejum para esperar por momentos deliciosos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Jogo desleal e tempo perdido

Tempo esgotado!
e eu mais uma vez joguei a toalha
É... o vencedor ganhou de mim por WO
não jogo mesmo!
Aprendi que com sentimentos não há jogo,
há o sentir, o entregar-se e o vivenciar cada momento
E se há alguém aqui nesse mundo de meu Deus
que se dedicou, fui eu... intensamente!
tudo para não perder o brilho de nós dois.
Foi desleal...
A vida segue e o tempo não pára
ademais, colecionar emoções já faz parte do meu todo.
Próxima página, por favor!!!



"Eu sei jogos de amor são pra se jogar
Ah por favor não vem me explicar
o que eu já sei
e o que eu não sei"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Stand By

Stand by: expressão em inglês, que ao pé da letra nem sem mesmo o que significa, na realidade nem sei se é assim que se escreve, mas essa é a expressão que sempre utilizo quando estou querendo muito me desconectar do mundo lá fora e me contectar dentro de mim...

Foi assim que justifiquei hoje a minha vinda para casa mais cedo:
- Tem alguma urgência que tu queres que eu resolva?
- Não
- Eu vou pra casa então
Uma discreta olhadinha no relógio e uma discordância anatômica na expressão da minha querida chefe.
A boca falou:
- Tudo bem
Os olhos discordaram:
- Poxa mas são 3hs da tarde e você já quer ir pra casa?
Pra falar a verdade ignorei a opinião dos olhos dela e só considerei a que me convinha...
- Estou querendo ficar em stand by, para ver se consigo administrar tudo o que está por vir!
- hãm hãm
- Beijos
- Beijos

então... stand by

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Personare é meu pastor...

"Prazer: esta palavra curta e simples sintetiza perfeitamente o momento que vai de 07/01 (Hoje) e 12/02 em sua vida, Camilla. Vênus em trânsito pela quinta casa astrológica sugere um período de festividades, de lazer, de romances e de sexo.... Afinal de contas, a energia amorosa está colorida e Vênus na Casa 5 favorece as situações românticas.


... Neste divertido ciclo de Vênus, boas oportunidades podem surgir e você saberá usufruir delas. Tenha apenas atenção a um ponto especial: apaixonar-se por alguém neste momento é bem possível, mas lembre-se que você está numa fase naturalmente predisposta a paixões. Convém ir devagar , não se precipitar (impossível, digo logo!), esperar este ciclo passar e ver se o sentimento perdura. Muitas vezes aquilo que nos parece "amor" não passa de uma situação circunstancial, que tem mais a ver com o clima, com o dia...


De todo modo, Camilla, esta é uma fase para você aproveitar os prazeres da vida. Se jogue! Mas aprecie tudo com moderação..."

Foi o Personare quem disse...
Se segura vida que lá vou eu!

Desenho inconsciente

Certo dia, conversando e rabiscando qualquer coisa no papel, disparei:
- Eu não vou esperar tempo nenhum
Um velho amigo meu, retrucou:
- É?
- Claro, sou jovem e tenho uma vida pra experimentar
- Então porque você está desenhando um relógio?!
- ...
Quando dei por mim, estavam lá os ponteiros dos minutos e horas naquele borrão sem sentido, esperando qualquer coisa daquilo que não sei explicar.

"Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Vida e o Tempo

Extrair da vida o maior mistério da humanidade
e a maior glória também...
Felicidade!
Experimentar a vida da forma como ela sempre se apresenta
Observar detalhadamente que a vida pulsa
E o tempo não pára!

"Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"