domingo, 29 de agosto de 2010

a curiosidade nossa de cada dia


O mundo é movido pela curiosidade. Não fosse por ela, o nosso ancestral cabeludo lá das cavernas não tinha nem sequer raspado uma pedra na outra para saber no que ia dar. O que seria de nós sem os tantos curiosos, bisbilhoteiros e, quem sabe, fuxiqueiros pelo mundo. Leonardo Da Vinci, Santos Dumont, Thomas Edson...

As redes sociais provocam certo voyerismo cibernético. Todo mundo bisbilhota, mas finge que nada acontece. Sites de relacionamento são como a porta do cabaret: despertam a curiosidade das pessoas e se você abrir um pouquinho tem sempre alguém que mete o pé e tenta escancarar a bodega. Cedo ou tarde você será a próxima vítima.

A satisfação é uma necessidade humana potencializada pela web. Os curiosos de plantão agradecem, vasculham e viram de ponta cabeça para se inteirar um pouco mais. Não basta ser bisbilhoteiro, é preciso participar, repassar e movimentar esta máquina que move a curiosidade nossa de cada dia.

Um clic e estão lá, as informações escancaradas. Desafetos, amigos, amigos de amigos, todos participam. Bendito seria James Bond se houvesse a seu favor a internet. A cada dia proliferam 007’s mundo a fora a investigar vidas alheias, munidos com a banda larga para facilitar o trabalho. O mundo pertence aos curiosos. Voilá curiosos do mundo, uni-vos!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

erotismo cibernético

" Entra no msn, lá te dou o meu orkut, assim poderemos twittar a noite toda e eu vou poder ver teu twipic."

E a senhora ao lado, depois de se benzer, pensou: "que baixaria!"

domingo, 22 de agosto de 2010

démodé

Do sonho infantil em desfilar seus pequenos passos como dama de uma noiva num prenuncio da felicidade à adolescência antiquada em debutar em valsas com longos saiotes vintage, suspirava ilusões de um tradicionalismo que a sua vida não comportaria.
Nasceu na tão proclamada sociedade alternativa, mesmo sendo a mais conservadora de todas.
Amante às tradições que enfeitavam o romantismo com requintes de princesa, era a sua origem cigana que lhe impunha a informalidade, como numa ceia ao chão, regada a vinho e ouro roubado.
Sentia que sua personalidade era igualmente roubada a cada sonho frustrado, ainda assim nunca deixou de cevar os sonhos, como quem cuidava com resignação de um frágil animal de estimação, pois eram deles que se alimentava.
Acreditava piamente no amor, e nunca no mundo havia permitido em deixar-se desacreditar. Era o amor que a movia.
Parecia que havia saído de um conto clássico, filmado em preto e branco, num cenário estranho a qual jamais pertencera.
E era estranho o abismo que dividia a intensidade vermelha daquela vida imposta sem consultas prévias àquela que alimentava a silenciosa ilusão de uma vida démodé, com véu e grinaldas amareladas.