domingo, 22 de dezembro de 2013

Quando chega o amor


E sem avisar, eis que  chega o amor. Portas, janelas e braços abertos. Escancarados. A vida é generosa com quem é de verdade. O romper de um tempo. Pra dar cabimento a tantos capítulos a serem vividos. Vívidos. O romper daquela espera. (Des)espera. Exaspera. E vem. A vida sabe o que faz.

Sorrisos e lágrimas. Em grande volume. O amor que faltava na engrenagem de vidas. Chegou. Novos tempos. Bons tempos. Os maus? Passaram. Marcaram histórias. E se foram. O humano medo de errar. Humanos, demasiadamente, humanos. Nietzsche quem ensinou. Resta a fé. Descrédito do autor. Mas chama constante que aquece a alma.

Fé em você. No amor. No mundo. E em mim mesma. Sigamos. A vida dá cabimento à plenitude. E o amor que faltava, já sorri em mim.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

tempo, mano velho!



E chega um tempo em que é necessário pararmos, respirar fundo e seguir. Notamos as lacunas deixadas em nossa história. Os sorrisos. Sabores. Flores. Perderam-se em algum lugar do caminho. Tempo de nova estação. Seguir. Esvaziados do que foi. Só para dar cabimento aos novos preenchimentos.

No descuido. Somos engolidos pelo tempo. Sedução dos dias. Ilusão da rotina. Resignificar. Fazer doer o que está sangrando e esperar a cura do próprio tempo. Momentos. De espera.

E chega um tempo em que sentimos dor. Dor de crescimento. Quando o corpo não está preparado para o engradecimento da alma. Elastece a carne. E o coração. Fazer doer o que tem pra seu doído. Até esgotar as possibilidades da recaída. Resta a saudade. E a esperança de que outros tempos virão.


para: Graziella Castanhari
foto: Recife

sábado, 2 de fevereiro de 2013

despedida


Hoje meu sorriso perdeu a graça. Ainda sinto o cheiro de raito queimando sobre a pele. Num verão perdido no passado. Em Itamaracá, Ponta de Mangue ou num condomínio na Pompeia. Ainda escuto o fungado, característico de um cacoete peculiar. Nos meus dedos engilhados, posso sentir os mariscos bravamente tirados do mar, para compor o almoço de veraneio. E escutar ao final um elogio de gracejo. Gracejos da vida. 
 
Hoje meu sorriso desconsertou. Deu lugar às lembranças. E à reverência. Ao senso de humor e de justiça. Justa e generosa. Características marcantes de uma vida inteira.  Os ensinamentos que ficaram. Ecoam desgovernados pelo tempo. Trazidos pelo vento. Ainda escuto a voz rouca chamando Pituca e Pequeno. Que de tamanha fidelidade velaram um sono profundo. Eterno. No semblante sereno, agora gélido descansa no colo de Deus.