Hoje meu sorriso perdeu a graça. Ainda sinto o cheiro de raito queimando sobre a pele. Num verão perdido no passado. Em Itamaracá, Ponta de Mangue ou num condomínio na Pompeia. Ainda escuto o fungado, característico de um cacoete peculiar. Nos meus dedos engilhados, posso sentir os mariscos bravamente tirados do mar, para compor o almoço de veraneio. E escutar ao final um elogio de gracejo. Gracejos da vida.
Hoje meu sorriso desconsertou. Deu lugar às lembranças. E à reverência. Ao senso de humor e de justiça. Justa e generosa. Características
marcantes de uma vida inteira. Os ensinamentos que ficaram. Ecoam
desgovernados pelo tempo. Trazidos pelo vento. Ainda escuto a voz rouca
chamando Pituca e Pequeno. Que de tamanha fidelidade velaram um sono
profundo. Eterno. No semblante sereno, agora gélido descansa no colo de Deus.