sexta-feira, 26 de novembro de 2010

é a pós modernidade - a saga da mulher solteira I

A saga de uma mulher solteira em tempos de amores liquidos é mais difícil que a vida da pitomba em boca de banguelo. Complicação digna de tese de pós doutorado em Oxford. E bote complicação nisso.

Em pleno século XXI, a mulher pós moderna ainda padece do preconceito masculino. Machismo é o gesso que imobiliza a mente do homem. Pode ser o mais descolado ou o mais almofadinha que existe no mercado, fatalmente ele irá te julgar no momento em que se sentir inseguro. Não se trata de uma discussão de gênero, sexista e desnecessária nesses fragmentos tolos, é o desabafo de uma mulher perdida nesse meio de mundo de pós modernidade.

E exagere ai na dose de dúvidas. Muitas e em avalanche. O que fazer quando aquele macho alfa que exala testosterona aparece cheio de amor pra dar na balada? Partir pra cima? Ele pode me achar jogada. Ficar na minha? Pode achar que não tenho interesse.

A situação piora cara amiga e minhas imagem-semelhantes quando pescamos o bonitão. Aceitar o convite de ir pra cama de prima, assim de testa mesmo? Muitas mulheres guardam seu tesão pra impressionar o cara. Eu sou dessas mulheres que só dizem sim, mas aceito como prenda a ligação do dia seguinte, a massagem no ego e o disfarce de que tudo não é apenas sexo e amizade.

Homens às vezes dá enfado. O preconceito com mulheres independentes é tão previsível que a máxima do antes só do que mal acompanhada vira rotina na vida de muitos rabos de saia que conheço, na minha inclusive.

Não meu amigo cafa, não me ligue somente para os finalmentes numa madrugada fria qualquer que você foi o perdedor. Seje homi rapá. Diga mais que sou linda, massageie o ego dessa cria de suas costela, que mal faz nisso? Ligue para comentar o seu dia, diga que escutou Neil Young e se lembrou daquela conversa que tivemos, mesmo que seja mentira. Mentiras sinceras me interessam. Afinal você é um homem ou um prato de papa?

O medo, talvez seja a variável mais decisiva nesses momentos. Take it easy, baby, não mordo em condições desfavoráveis. Sim, sou inteligente,você não vai me dobrar fácil, tenho independência financeira, e blá blá blá, não me venha com esse papo de medo de se apegar que isso está mais desatualizado que o dedal da minha tia avó. Se jogue hombre, que a distância da sua queda é a mesma que a minha.

É, bem que Bauman avisou, são tempos de amor líquido.

Então, aprenda com Leonard Cohen:

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Imagina o Brasil ser dividido


As manifestações recentes de preconceito e discriminação contra o Nordeste na internet têm me afetado de maneira preponderante. Não apenas por ter sido vítima no tempo que passei em São Paulo onde o tratamento por "baiana", "baianagem" e adjacentes era comum, mas por saber que o preconceito, em suas mais diversas manifestações, está presente na vida do brasileiro de maneira velada, onde todo mundo finge que não vê.


Cheguei à São Paulo com 6 anos de idade e já na escola enfrentei a dificuldade em ter amigos por ser "baianinha", com o tempo passei a negar minhas origens como forma de auto afirmação. Hoje, madura, de volta à "terra dos altos coqueiros", sou vítima de preconceito por ser uma mulher independente numa sociedade machista, entre tantos outros.


Manifestações preconceituosas atingem milhares e milhares de pessoas e, entre negros, gay's e as famosas "minorias", ficamos sempre escondendo os preconceitos nossos de cada dia. Por um lado, tais manifestações públicas têm sido importante para que o Brasil veja que não existe a tão proclamada "democracia racial, étnica e de gênero", e ainda que tenhamos no poder uma mulher que está sucedendo um operário nordestino, precisamos avançar muito.


Preconceito gera consequências sérias para a formação do indivíduo e ao convívio social. O índice de suicídio entre os homossexuais é cada vez mais crescente, fruto de uma não aceitação social, negros assassinados por serem confundidos com criminosos é algo presente também, dentre tantas outras.


"Imagina o Brasil ser dividido e Nordeste tornar independente". O Nordeste não é sinônimo de miséria, passamos anos sem atenção de governos federais e por isso temos ainda uma carência tecnológica e financeira face ao Sul/Sudeste, estamos avançando, o Brasil está avançado e a mentalidade das pessoas permanece estagnada.