por Luciano Siqueira*
Construir partido político no Brasil nunca foi fácil. Partidos efêmeros, conjunturais, sem nitidez programática predominam largamente em nossa história institucional. Do Império, passando pela República Velha e pelo período democrático de 46 a 64 aos dias que correm. Daí a peculiaridade do Partido Comunista que ontem, 25, celebrou 87 anos de existência.
Registrado em 25 de março de 1922 sob a denominação de Partido Comunista do Brasil, no livro 3 do Registro de Pessoas Jurídicas do Cartório do 1º Ofício do Rio de Janeiro, ao observador isento, mesmo ao mais eqüidistante ou até oponente, chama a atenção que uma agremiação partidária tenha perdurado tanto tempo, atuando ininterruptamente, no cenário político brasileiro. Mais ainda quando se sabe que nessas quase nove décadas, esse partido experimentou por raros momentos o direito constitucional de existência legal - sendo o mais longo o período atual, que já dura vinte e quatro anos, desde 1985.
Acontece que além de corresponder a uma necessidade objetiva, determinada pelo conflito social - a de uma representação ideológica, política e orgânica de uma classe, a dos proletários – o PCdoB aprende com a sua própria experiência, com a trajetória de lutas do povo brasileiro e com a evolução dos movimentos libertários no mundo. Amadurece arrostando desafios teóricos, políticos e práticos. Seus êxitos ou fracassos dependem diretamente da sua capacidade de compreender as mutações que se processam na sociedade; da natureza dos vínculos que estabeleça com a sua base social; e da habilidade com que se comporte em diferentes situações.
Nunca foi fácil a trajetória do PCdoB. Complexa, caracterizada por lutas ingentes, perseguições violentas e odiosas, absurdas restrições legais; por vitórias e insucessos; e por um complexo e sinuoso processo de formação de um embasamento teórico e político próprio, cujos resultados assinalam o entusiasmo com que os comunistas comemoram o 25 de março.
Não se trata apenas do fato de que o Partido ostente hoje um contingente de mais de 250 mil filiados e 100 mil militantes ativos, uma presença significativa nos movimentos sociais, um desempenho influente no parlamento, no governo da República e em estaduais e municipais. Trata-se, sobretudo, do fato de que o velho partido de 1922 se apresenta hoje renovado, moderno, ágil na abordagem da problemática mundial e do país, partícipe do esforço das correntes progressistas em busca de um projeto nacional de desenvolvimento.
Certamente este é, para o PCdoB, um momento de ricas reflexões e de homenagem a tantos militantes, destacados ou anônimos, que dedicaram a vida à causa socialista. E de alegria pelo reforço das suas fileiras com o ingresso de novos combatentes.
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=53126
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